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Egressa de jornalismo da PUC-Rio é premiada no 17º Congresso Internacional da Abraji

Recém-formada pelo Departamento de Comunicação da PUC-Rio, a jornalista Tatiana Abreu teve seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) premiado na categoria dissertação no 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). O trabalho de Tatiana, orientado pela professora Carmem Petit, teve como tema “Cercadinho do Alvorada: uma ameaça ao ethos do jornalista e à liberdade de imprensa”. Para efeito de premiação, os trabalhos foram submetidos à avaliação de pareceristas de todas as regiões do Brasil.

Com base em seu interesse sobre a questão da liberdade de imprensa no Brasil, Tatiana Abreu teve a atenção despertada para a situação dos jornalistas encarregados da cobertura do presidente Jair Bolsonaro, em especial as aparições dele diante dos apoiadores que se concentravam na entrada da residência oficial da Presidência. Desde o início do governo, em 2019, os repórteres perderam a sala de imprensa no Palácio e foram confinados ao cercadinho montado no local onde se encontravam os simpatizantes do presidente, que reproduziam as manifestações hostis de Bolsonaro contra os representantes da mídia profissional. A situação se agravou ainda mais no ano seguinte, com a chegada da pandemia da covid 19.

Durante a pesquisa, Tatiana entrevistou cinco jornalistas – quatro homens e uma mulher – que, na condição de não terem as identidades reveladas, relataram a rotina de agressões e humilhações que sofriam, até a decisão de se retirarem em conjunto da cobertura diária no Alvorada. Os cinco profissionais entrevistados foram os que se dispuseram a falar, em meio a quase vinte tentativas de outros repórteres. Tatiana Abreu conta que o temor partia principalmente das mulheres, as mais intimidadas no cercadinho.

Ao longo das entrevistas que realizou para o trabalho, Tatiana percebeu que as pressões sofridas – por parte do governo e seus apoiadores e também pelos próprios veículos – dificultaram muito o trabalho de repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e produtores.

“Não houve uma censura propriamente dita por parte do governo, mas o trabalho da imprensa foi diversas vezes dificultado. Quando isso acontece, você impede que a informação chegue à sociedade e a consequente formação de um pensamento crítico, o que acaba por atacar a democracia”, avalia a jornalista.

Para Tatiana Abreu, a sequência de intimidações deixou sequelas nos profissionais que tentavam atuar no cercadinho do Alvorada:

“O resultado foi uma autocensura por parte dos profissionais, que admitem ter deixado de questionar algumas coisas. Também passaram a desenvolver estratégias, como combinar a ordem das perguntas para que as entrevistas não fossem interrompidas logo no início”. Tatiana recebeu de seus entrevistados relatos sobre estresse, pânico, crise de ansiedade e esgotamento mental como reflexo das pressões que sofreram durante o período em que tentaram cobrir a rotina do presidente em seus encontros com apoiadores no Palácio da Alvorada.

O trabalho de Tatiana Abreu foi um dos 30 avaliados pelo Congresso da Abraji, que teve sua cerimônia de encerramento realizada neste domingo, 7 de agosto.


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