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Tufvesson detalha estratégias de campanhas contra preconceitos 

03/04/2023

As campanhas públicas assumem uma importância crescente para o aumento das denúncias de homofobia. A avaliação transforma-se em compromisso profissional na rotina do estilista Carlos Tufvesson, à frente da Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio (CEDS). Na PUC-Rio, a convite da professora Claudia Brütt, para orientar trabalhos dos alunos de Planejamento Estratégico de Comunicação (a íntegra do briefing está no canal do Departamento no YouTube), Tufvesson destaca também a comunicação digital e adesão progressiva de voluntários nas peças publicitárias. Em breve conversa depois do encontro com os estudantes, ele detalha bastidores e estratégias dessas campanhas. 

 

Que técnicas, formatos e métodos se mostram mais eficientes em campanhas públicas de combate à homofobia, como a “Denuncie”? 

 

Usar palavras diretas ao coração, que favorecem a identificação com o maior número de pessoas. Essas campanhas não são feitas para nós, LGBTs. São feitas para quem não é LGBT. Então, a gente tem sempre que falar “isso aqui é um dado, não é opinião minha, de militante, isso aqui é dado, é fato. Como a gente pode resolver isso? Venha conosco e nos ajude a resolver. Denuncie.” Por isso que eu repito: denunciar não é só para quem sofreu, quem foi vítima (de homofobia). Quem testemunhou também pode denunciar, e ajudar a melhorar o país.. 

 

Como são medidos o alcance e a eficácia de uma campanha de conscientização contra preconceitos?

 

A gente tem, por exemplo, convênios com a Secretaria de Segurança Pública do Estado que ajudam a medir os impactos dessas campanhas. Quando a violência cai, percebe-se isso também na mídia, mas principalmente pela reação do cidadão. É muito interessante. Depois do lançamento de uma campanha, observamos um mês de denúncias imediatas, às vezes de coisas que já tinham acontecido há um tempo. Muitas pessoas não sabem onde denunciar, outras denunciam no lugar errado. Outras tantas nem sabem que têm o direito de não serem agredidas. Isso é o que me dói mais, sabia? São essas pessoas que a gente precisa proteger, pessoas que não têm noção de que foram discriminadas violentamente.

 

As redes sociais potencialmente ajudam esses esforços de conscientização. Quais delas revelam-se mais receptivas ou adequadas às campanhas?

 

O Instagram, em termos de repetição, e o Facebook, em termos de alcance. O Twitter nem tanto: tem curta duração. O Instagram dura mais.

 

Neste sentido, a participação de influenciadores e celebridades contribui muito para o engajamento…

 

Cada artista que estava ali (na campanha “Denuncie”) também postou a iniciativa nas próprias redes sociais. Aí começou uma progressão geométrica de repostagens que chegou a 9 milhões de pessoas. Noutra campanha, linda, alcançamos 11 milhões, mas também a Globo colocou (no ar) como se fosse uma campanha dela. Eu instalei um estúdio perto dos Estúdios Globo (antigo Projac) para artistas irem lá no intervalo da novela. Por exemplo, a Glória Pires e o Bruno Gagliasso participaram.

 

Como vocês desenvolvem as campanhas e promovem a adesão dos participantes? 

 

Contamos com apoiadores da causa, que ajudam a viabilizá-las. Ney Matogrosso e Caetano Veloso, por exemplo, não cobraram cachê. Noutro exemplo, a Anitta participou de uma campanha sobre HVI. O Júnior, do AfroReggae, ligou para ela e sugeriu que aderisse à iniciativa. Anitta ttinha acabado de estourar com “Show das Poderosas". Aí eu argumentei: "Você precisa fazer uma campanha pra gente, porque é um público jovem, e você fala com um público jovem". Ela não só fez a campanha, como levou as dançarinas, levou o figurino do CD dela, gravou pra gente aquela demo "Bang!": "Vamos dar um bang no HIV". Ficou in-crí-vel. Eu olhava e me beliscava, não acreditava que a Anitta fazia a campanha. Tinha virado companheira da causa. 

 

Além da adesão de voluntários famosos, que outras parcerias são importantes para o sucesso dessas ações?


O apoio da mídia sempre é importante. A gente conseguia espaço de graça, por exemplo,  no Globo, no Jornal do Brasil, na revista Caras, e em outros veículos. Uma vez, pedi à atriz Lavínia Vlasak, minha amiga, que participava de uma novela e estava grávida, era minha amiga, ela estava grávida, para falar, na Caras, sobre os cuidados com, a transmissão vertical do HIV (quando o bebê é infectado na gestação). Esse tipo de comunicação costuma ser eficiente. A pessoa se sente mais próxima (da campanha) quando vê uma figura da novela, que entra diariamente na casa dela. Aí a gente avança (nos esforços de conscientização).


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