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Uma noite no CinePUC

28/04/2023

Em uma sala de cinema discutindo um filme africano um tanto desconhecido não é onde se espera necessariamente encontrar jovens às onze horas de uma terça-feira à noite. Mas foi isso o que se observou na primeira sessão de abril do CinePUC, o clube de cinema organizado majoritariamente por alunos de Comunicação da PUC-Rio. Na abertura desse ciclo mensal de filmes, que comemorava o centenário do cineasta africano Ousmane Sembène, espectadores de diferentes faixas etárias se reuniram para ver e discutir o curta “O Carroceiro” e o longa “A Negra de…”. A conversa mediada pelo jornalista e professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio Alexandre dos Santos teve seu fim marcado mais pelo adiantado da hora do que pela escassez de mãos ao ar para fazer algum comentário.

Às 18h30, uma hora antes do início da sessão, poucas pessoas circulavam no saguão do Estação NET Gávea, enquanto uma equipe gravava entrevistas com os organizadores do CinePUC para um podcast. Em pouco tempo cresceram o burburinho e a fila na bilheteria. Sinal de que a noite seria agitada.

O cheiro de pipoca também se intensificava, amigos se encontravam, o cinema se iluminava. Pouco depois, as portas se abriram e a sala encheu. Quase todas as cadeiras estavam ocupadas, menos a primeira fileira. As luzes se apagaram e o curta teve início. A partir daí, não se ouvia nada além do filme, da respiração do público e dos aplausos no final. Isso se repetiu em “A Negra de…”.

Uma pausa de dez minutos precedeu a abertura do debate. Os calouros estavam particularmente animados. Clara Pastor, estudante de Estudos de Mídia, achou "muito legal tanto ver o cinema cheio com a geração mais nova quanto assistir ao debate". Já sua colega de curso Maressa Coutinho destacou que o clube "é uma exposição cultural muito boa por exibir filmes de países e continentes diferentes". O debate, acrescentou ela, ajudou a "expandir sua perspectiva".

Estudantes de Comunicação não eram os únicos felizes com a volta do CinePUC. Formado pela PUC-Rio em Artes Cênicas, Keusenir gostou muito de reencontrar o programa e alguns colegas. O retorno do ciclo de cinema agregou até universitários de outras faculdades por ali, os quais saíram do cinema querendo voltar mais vezes.

A ocupação da maior sala do Estação NET Gávea não ocorreu em um passe de mágica. Suspenso por quatro ano e quatro meses, com uma pandemia no caminho, o CinePUC retomou as atividades em 2022, na sala K102, depois que os estudantes Carolina Calvet, Gabriel Carvalho, João Moura e Lucca Valor se juntaram para fazer um trabalho da disciplina Curadoria e Crítica Cinematográfica, ministrada pelo professor Pedro Henrique Ferreira. Eles perceberam a demanda pela volta do projeto, ao mesmo tempo em que a Comissão de Cinema levava essa pauta para o Departamento de Comunicação. Os dois grupos se uniram para consumar a volta do programa.

Nesse período, a morte do cineasta francês Jean-Luc Godard inspirou um ciclo sobre sua obra e sua vida. Após nove sessões na K102, os empreendedores fecharam uma parceria com o Estação NET Gávea. 

Os filmes exibidos são escolhidos pelo próprio CinePUC. Para fazer a curadoria, o grupo todo se reúne no fim de cada mês e vota no tema do ciclo seguinte e nos respectivos filmes a serem exibidos. Além de Godard, eles já homenagearam o centenário de Pasolini e irão prestigiar, em maio, os 90 anos do cineasta brasileiro Eduardo Coutinho. João Moura, curador do projeto e estudante do sexto período de Estudos de Mídia, ressalta: "Tentamos atentar para o momento que a gente está passando, até para enriquecer mais o debate".

Já Lucas Leal, também curador e estudante de Estudos de Mídias, conta que eles buscam balancear a seleção entre "filmes populares e outros mais nichados". Assim, argumenta orgulhoso, conseguem engajar o público nas sessões e ampliar o acesso a obras menos conhecidas. 

Os colaboradores do clube enfatizam, ainda, a importância dele para a formação dos alunos. "Cultura é imprescindível tanto para quem está se formando quanto para qualquer pessoa que tenha interesse nessa área", frisa a também curadora e aluna de Estudos de Mídia Paloma Madruga. 

 

O CinePUC tem sessões semanais gratuitas, toda terça, às 19h30, no Estação NET Gávea. O documentário “Cabra Marcado para Morrer”, abre, no dia 2 de maio, o ciclo centrado na obra de Eduardo Coutinho. Abaixo a programação completa do mês: 

02/05 - Cabra Marcado Para Morrer

09/05 - Santa Marta (1987) + Boca de Lixo (1993) 

16/05 - Babilônia 2000 (2001) 

23/05 - As Canções (2011)

30/05 - Jogo de Cena (2007) 

Para acompanhar os próximos ciclos, siga o CinePUC no Instagram @Cinepucrio.

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Texto e fotos de Yasmin Capistrano


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