Informes

Notícias

Convênio com universidade africana de comunicação expande aprendizado mútuo

29/05/2023

A PUC-Rio anunciou um convênio acadêmico com a African University College of Communications, em Gana, durante o encontro Áfricas & Brasis: herança e intercâmbios, em maio, do qual participaram as professoras do Departamento de Comunicação Elaine Vidal e Carla Siqueira. A iniciativa reuniu, na Universidade, o ex-membro do parlamento ganês Kojo Yankah, a embaixadora de Gana no Brasil, Abena Busia, e pesquisadores de diversas áreas. Intermediada pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre o Continente Africano e as Afro-diásporas (Lepecad), a parceria estabelece a colaboração acadêmica para pesquisas, conferências e seminários. O intercâmbio poderá se estender a alunos de graduação.   

Kojo Yankah e Abena Busia, que discursou em português, ressaltaram o peso dos laços entre o Brasil, a África e os povos afro-diaspóricos, para que conheçam a própria história a partir da perspectiva africana. Perspectva para qual, argumentaram eles, o Brasil pode contribuir de forma significativa, por ser o país que mais recebeu afro-descendentes.

"As nações têm muito a aprender uma com a outra", enfatizaram. Ao encontro deste aprendizado mútuo, e da construção de memória sob o olhar propriamente africano, nasce o Museu da Herança Pan-Africana. Idealizado por Kojo Yankah, será aberto até 2025, não "não apenas como um espaço para memória, mas também para educação", esclarece Yankah. 

Em conversa depois da palestra, Kojo Yankah detalhou a importância dos museus de herança pan-africana e da tecnologia para melhorar o conhecimento sobre a história e a cultura do continente africano. Também explicou o que os estudantes brasileiros podem explorar numa temporada em Gana:

Como os estudantes brasileiros podem se beneficiuar com o intercâmbio sociocultural e acadêmico? 

POr meio das trocas sobre as quais estamos falando. Há muitas formas tradicionais de comunicação. O chifre que usamos na logo [do museu] é utilizado para se comunicar nas comunidades locais. Quando o chefe está chegando, os assopradores de chifres vão na frente anunciando sua chegada. Isso é apenas um forma [de comunicação]. Com os canais de comunicação adequados, nossos povos podem aprender mais. Você viajando para lá, como um jornalista do Brasil, por explorar vários lugares, ir a festivais, por exemplo. É por meio dessas experiências que podemos trabalhar juntos e entendermos uns aos outros.

O que mais os estudantes brasileiros podem aprender em Gana? 

Quando você vier a Gana, não deve ficar apenas na sala de aula. Vá para as comunidades, para os festivais, para muitas cerimônias, se misture com as pessoas, porque assim você verá o quão belo é ter uma nova experiência. Se você for para um festival, pode escrever uma história sobre ele a partir da sua perspectiva. Você verá muitas coisas estranhas, mas quando colegas ganeses explicam o que tudo significa, você estará aprendendo muito. 

O senhor visitou museus de herança pan-africana aqui no Brasil. Como eles impactam a comunidade negra brasileira? 

Os museus irão satisfazer muita da curiosidade acerca da própria herança deles, sobre o seu passado e sobre a África. Assim, a comunidade negra brasileira pode saber mais sobre si mesma. Acho que não ensinam muito da história africana aqui no Brasil. Esses museus também ajudam a despertar o desejo de visitar a África, e expandir as perspectivas.Viajar faz muita diferença, mas não é todo mundo que pode fazer isso. Porém, agora com a tecnologia digital, podemos aprender mais sobre nós mesmos explorando sites, Youtube, Instagram e outras mídias. 

Você sentiu falta de algo nos museus? 

De muita coisa. Mas não quero criticá-los. Estamos criando algo novo, contando nossa história. É isso que estamos fazendo. Nós queremos a experiência de passar por um Brasil se tornando mais educado, para que as pessoas compreendam melhor [a história africana]. 

Como a herança afro-brasileira é vista em Gana? 

Esse é o ponto, e gera muito interesse. Compreender como os africanos que ficaram aqui no Brasil adotaram uma nova cultura e levaram-na de volta [para Gana]. É apenas uma variação do que foi a civilização original. É tão lindo. Então, nós estamos planejando um festival conjunto com um grupo do Brasil indo performar em Gana. 

Como podemos fortalecer os canais de comunicação entre Brasil e o continente africano? 

Uma das coisas que nós faremos, até mesmo já fazemos no nosso site, será colocar algumas fontes (de informação), alguns dos nossos acadêmicos. Iremos colocar os nomes e endereços de email deles no nosso site periodicamente. Também mencionaremos os livros que eles escreveram.


______________________

Texto e fotos de Yasmin Capistrano.


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DO RIO DE JANEIRO

Rua Marquês de São Vicente, 225
- Prédio Kennedy - 6° andar Gávea
Rio de Janeiro, RJ - Brasil - 22451-900
Cx. Postal: 38097
tel. +55 (21) 3527-1144 • com@puc-rio.br