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Wole Soyinka inspira uma comunicação descolonizada

“Temos a responsabilidade de parar com a perpetuação de uma África marginalizada, eternamente carente de assistencialismo externo”. O alerta do dramaturgo nigeriado Wole Soyinka ecoou nos encontros do projeto Áfricas & Brasis: Heranças e Intercâmbios. Ao encontro do diagnóstico feito pelo primeiro ganhador africano do Prêmio Nobel de Literatura, professores, pesquisadores e estudantes de diversas áreas refletiram, em maio, na PUC-Rio, sobre os caminhos para ampliar a visibilidade e o reconhecimento de perspectivas que valorizem a riqueza sociocultural e artística da África.

Alunas e alunos de vários departamentos da Universidade, inclusive o de Comunicação, debateram, com Soyinka e os especialistas, como a conjugação de saberes e experiências multidisciplinares pode contribuir para esse amadurecimento. Também conversaram com o escritor sobre sua trajetória e os aprendizados construídos nos 89 anos de vida.

Organizadoras dos encontros, as professoras Elaine Vidal e Carla Siqueira, do Departamento de Comunicação, lembraram o papel da área para dissolver preconceitos e valorizar aspectos sociais e culturais da África historicamente negligenciados ou deturpados na mídia contemporânea. também fazem parte da realização do projeto. Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre o Continente Africano e as Afro-Diásporas (LEPECAD), Elaine ainda destacou, aos profissionais em formação, a importância de ouvir diretamente uma grande referência na literatura e na luta por causas raciais. 

As palavras de Soyinka articulam-se à proposta da iniciativa, derivada da necessidade de valorização da herança intelectual e artística que os mundos africano e brasileiro têm a oferecer. Nas pautas raciais, enfatizou Elaine, os futuros comunicadores precisam entender e abordar a pluralidade e a complexidade dos fatos e análises acerca desta causa. Compromisso ético-profissional que envolve, entre outros esforços, o resgate da riqueza cultural da África e do Brasil, muitas vezes inferiorizada pela mídia tradicional.

Envolve também o desenvolvimento e a valorização das chamadas narrativas descolonais, que, assim como nas obras de Wole Soyinka, trazem a periferia para o centro de forma orgânica. Um horizonte para o qual apontam os aplausos do auditório às apreciações acuradas, à obra e à trajetória do romancista nigeriano.

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Texto de Joana Macedo.

Fotos de Antônio Albuquerque.