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Roteirista Marcelo Vindicatto explica a situação atual dos profissionais de roteiro

05/06/2023

O ofício dos roteiristas está cada vez mais difícil devido à falta de direitos trabalhistas e da instabilidade ocasionadas pelas plataformas de streaming, comentou Marcelo Vindicatto, roteirista de filmes como "O Palhaço" e "Os Penetras", durante bate-papo com alunas e alunos de Comunicação da PUC-Rio, a convite da professora Malena Galvão. Em sua opinião, "os canais de streaming vieram para acabar com os roteiristas", pois eles não pagam até o projeto ser aprovado, diferente de como era feito antes por emissoras como a Globo. Antigamente, a empresa costumava ter vários escritores sob contrato, os quais recebiam salários e ficavam à disposição. 

Durante a conversa, um dos criadores e desenvolvedores da série "O Alienista" também mencionou como antes de alcançar o formato que sempre desejou, o roteirista deve encontrar o meio no qual consegue expressar melhor sua criatividade - seja no teatro, no cinema, no livro ou na série.

Vindicatto retoma, em curta entrevista, como funciona o pagamento por entrega feito pelas plataformas de streaming e o processo até a autorização para início da produção:

 

Foi citado a importância de ter uma experiência teatral para aqueles que desejam escrever um roteiro. Nesse sentido, quais elementos do teatro podem ser utilizados por roteiristas?

No teatro, tudo é mais ou menos resolvido pelo diálogo - o roteiro não. Por ser audiovisual, você tem que pensar nas imagens. Então é uma mescla. Ele vai te ensinar a dramaturgia - Shakespeare, as tragédias gregas, os clássicos. Eu acho importante todo mundo fazer teatro pra poder ver como é a embocadura, porque às vezes você escreve e não tem noção de como aquelas palavras precisam ser ditas.

Quais são as diferenças de um roteiro para TV e um para cinema? 

A grande diferença é que o cinema é mais artesanal. A gente responde ao diretor ou ao produtor, mas você tem mais liberdade para escrever, enquanto em uma série de televisão é mais controlado. Tem o canal, a produtora, vários profissionais especialistas em roteiro, coordenadores, supervisores, entendedores de roteiro, pessoas que dão palpites, então é muito mais diluído. 

Para conseguir atuar no mercado hoje, é necessário saber outra língua? 

Acho que é importante saber outra língua para você estudar mais. O estudo é muito importante, então o inglês, infelizmente, é preciso aprender, pois tem muito roteiro e coisas online, mesmo os filmes e as séries são melhores sem legenda. Eu acho que faz parte sim do desenvolvimento aprender línguas, não só o inglês.

As novas gerações têm mais possibilidades para se preparem antes de entrarem em uma sala de roteiro. Como era antes quando essas escolas e cursos não existiam? 

Nas produtoras, os produtores, assistentes e outros profissionais, até os diretores, se obrigavam a escrever as próprias cenas, porque não tinha um roteirista. No meu caso, eu vim do teatro e da história em quadrinho.

Como funciona o pagamento por entrega feito pelos streamings

O pagamento vem conforme a entrega é feita e não é individual. Eles vão contratar uma produtora que vai contratar os roteiristas, se tornando a responsável. Por isso, há tanta rotação na mesa de roteiro. 

Como é o processo até o greenlight? 

Primeiro tem um greenlight para o desenvolvimento, onde eles liberaram o dinheiro para fazer uma primeira sala de roteiro de alguns meses, uns 3 meses, digamos. Em casos de mais tempo, como foram as que eu participei, demorou bastante. A partir daí, veio o greenlight de produção, que é o dinheiro para realmente fazer.

 

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Texto de Yasmin Capistrano

Foto de Paula Torquato


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