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Roteirista destaca a importância de respeitar amigos e familiares em histórias baseadas em fatos

05/06/2023

Ao escrever uma série baseada em fatos, "é preciso ouvir todos os lados e respeitar os familiares e amigos das pessoas que darão origem aos personagens". A recomendação integrou a série de dicas da roteirista Marina Martins, assistente de projetos na Coqueirão Filmes, a alunos e alunas de Comunicação da PUC-Rio. A convite da professora Malena Galvão, a assistente de direção da série "Eu, Adolescente" conversou sobre o processo criativo em produções audiovisuais. 

Formada em Cinema pela PUC-Rio, Marina também ressaltou a importância da consultoria quando o roteirista não domina o assunto sobre o qual escrevendo. Ela reconheceu que "é impossível não romantizar na ficção", para manter a atenção do espectador. A roteirista destacou ainda, numa entrevista depois da palestra, as influências do teatro no seu trabalho, a importância do intercâmbio geracional e os contornos da liberdade de criação: 

Quais elementos do teatro importados para o roteiro? 

Diálogo, principalmente. A estrutura de cena é muito diferente. No teatro, você tem um palco, em vez de locações. Porém, isso traz imaginação, já que no teatro uma cadeira é um leão ou o prédio é a pilastra. Então, sinto que muito do que trago de diálogo vem de tudo que eu aprendi no teatro.

Quando os projetos são encomendados, os roteiristas têm total liberdade criativa ou ficam condicionais as aspectos pré-determinados? 

Depende muito. Depende se você entra na primeira temporada ou na segunda, se é uma história que já está estruturada até o final, se é baseada em fatos, porque esse o final não muda. Você pode mudar várias coisas e romantizar, mas, se tem uma morte no final, a pessoa vai morrer no final. Depende muito do tipo de série, da temporada que tá e do que pode ser inventado.

Em um de seus trabalhos, você participou de uma sala de roteiro com profissionais de gerações diferentes. Isso impactou na hora de escrever o roteiro?

Sim. Nos diálogos, falamos e trazemos vivências de formas diferentes. Há diferenças no sentido de que hoje não se usa certos termos. Eles até falavam “Marina, você que é jovem”, porque eu vou ser a pessoa que vai ter a visão de “gente, isso não é legal”. Se você está fazendo uma história que se passa em outro tempo, é tipo “ah, mas se passa em outro tempo”, só que não estamos mais nele, certas coisas não precisam continuar sendo tratadas da mesma forma, mesmo se for algo do passado. Isso é algo que muda bastante de geração para geração.

Como o streaming tem influenciado a produção audioviaua no Brasil? 

O streaming se fortaleceu na pandemia. Isso foi muito importante, pois era um momento no qual o governo sucateou a cultura e a arte. Os streamings meio que salvaram a nossa produção audiovisual. Porém, eles chegaram aqui com uma cabeça que não é necessariamente brasileira, já que a nossa legislação é diferente. Também tem a questão dos roteiristas não receberem os créditos de autoria sobre o que escrevem. Além disso, muitos streamings pagam de acordo com as entregas da sala de roteiro. Então, você não recebe um salário fixo mensal.

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Texto de Yasmin Capistrano

Foto de Paula Torquato


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