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Diretora e atores contam bastidores da série "A Vida pela Frente"

30/06/2023

A atriz Leandra Leal, a psicóloga Laura Sarmento, as roteiristas Carol Benjamin e Rita Toledo e os atores Jaffar Bambirra e Flora Camolese têm pelo menos uma façanha em comum. Integram a equipe que consumou a série A Vida Pela Frente (Globoplay), desenvolvida por quase uma década. Elas conversaram com alunas e alunos de Comunicação da PUC-Rio sobre os desafios e as gratificações desse processo culminado na produção audiovisual que marca a estreia de Leandra na direção, ao lado de Bruno Safadi. O encontro integrou as Conversas em Série, organizadas pelo professor do Departamento de Comunicação Sergio Mota.

Inspirada na vida de Leandra, a série ambientada nos anos 1990 retrata temas sensíveis como saúde mental, responsabilidade afetiva, luto, sexualidade. A produção do roteiro era supervisionada por psicóloga Laura Sarmento, que sugeriu cortar algumas cenas. Outro cuidado era, nas cenas de bullying, focar areação da vítima, em vez do agressor, para mostrar o impacto desse tipo de violência.  

Leandra lembrou que acompanhava de perto os atores durante a pré-produção, para "dar mais segurança aos intérpretes". A idealizadora e diretora de A Vida Pela Frente também contou aos estudantes que, para estabelecer um elo com os jovens de hoje, cogitou trocar a ambientação para os dias atuais. A ideia acabou descartada, mas a ligação com a contemporaneidade foi reforçada com sugestões do elenco, composto por jovens, incorporadas ao roteiro.

Ex-aluno de Cinema da PUC-Rio, o ator Jaffar Bambirra destacou que a formação superior tem ajudado a carreira: “Comecei a estudar Cinema mais para me ajudar como ator, para entender tudo o que está acontecendo no set [de filmagem]. isso me amadureceu muito como ator, e me ajuda a entender os processos e a me relacionar bem com a equipe”.

Aos futuros profissionais na área reunidos na sala-auditório K 102, Leandra Leal recomendou: “Encontrem sua turma, porque cinema é uma arte muito coletiva”. Num papo ligeiro depois da palestra, Carol Benjamin deu dicas de como fazer roteiros baseados em vivências póprias e recordou bastidores das filmagens:

Vocês se inspiraram na própria adolescência para escrever o roteiro. Quais dicas você daria para roteiristas que desejam fazer seguir essa linha?

Não tenha medo de se expor e nem pense que é fácil, pois o processo é doloroso. Encontre o que te move, já que assim irá conseguir encontrar e mover mais facilmente o outro. Uma coisa que me guia muito é a ideia de as pessoas experimentarem novos sentimentos e construírem novas memórias, que é como eu determino o que gosto ou não de ver. 

Como acessar dores necessárias para o desenvolvimento do roteiro?

Estar envolvida com seus parceiros de trabalho e dizer "não" para quem você sabe que vai dar problema. Também estar em dia tanto com sua terapia quanto com as ferramentas de autocuidado, e estar preocupado com o autocuidado do outro. Tem um outro lado muito bom disso, que é não se apegar ao seu sofrimento. 

Vocês ficaram dez anos desenvolvendo essa série. Em algum momento ela perigou não se concertizar?

Não, em momento algum. Mudamos o nome dela, registramos de novo na Biblioteca Nacional, estávamos assinando o contrato e voltamos atrás. Tivemos frustrações e nos perguntamos “será que não vai?”. Mas nunca desistimos. 

Quando vocês começaram a produção, as plataformas de streaming ainda estavam despontando. Como era o formato inicial dela?

Era uma série de dez episódios com dois tempos, presente e passado, que começava em um ponto zero, a festa, e voltava pro primeiro dia de aula do terceiro ano, acompanhando esse ano antes e depois da morte. Essa estrutura sempre esteve presente. As histórias e as tramas mudaram muito, mas os personagens acho que são bem fiéis ao que construímos.

Como foi a preparação das externas? 

Apesar de ser uma época recente, a cidade mudou muito. As externas eram um grande desafio, até pelo orçamento. Era “pra onde apontamos a câmera?”. Estamos na praia, por exemplo, então precisamos filmar o mar. Não dá para ter um plano para a orla, porque tudo nela mudou. Orelhão, que é um telefone de rua, foi produzido por nós. Ele era algo que tínhamos no carro e instalávamos.

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Texto de Yasmin Capistrano

Fotos de Paula Torquatto









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