A empatia torna-se um desafio especialmente crucial nesses tempos, quando a pandemia e como dela sairemos reflete nossa capacidade comunitária. Pois é disso que trata Madalena, o longa de estreia de Madiano Marcheti, ex-aluno de Cinema da PUC-Rio. O filme foi selecionado para a principal mostra competivida do concorrido Festival de Roterdã, cuja primeira fase, no formato online, estendeu-se de 1º a 7 de fevereiro. A história expõe traços da violência e dos desequilíbrios brasileiros ao entrecruzar os caminhos de três jovens descohecidos mas ligados de alguma forma à personagem-título.
A narrativa se desenvolve a partir da desciberta do cadáver de Madalena numa plantação de soja no Mato Grosso. A forma com que os três jovens, de origens socioculturais distintas, lidam com esta ausência e com a brutalidade fundamentam o enredo. Assim Marcheti evoca refexões sobre desigualdade, violência e empatia, e carrega a trama de universalidade.
"O filme surgiu do desejo de refletir sobre questões específicas da minha região de origem, que ainda é pouco representada no cinema e não muito conhecida mesmo dentro do Brasi", conta o cineasta, de 32 anos. "Eu venho do norte do Mato Grosso, uma região da fronteira agrícola brasileira que passou por muitas transformações nos últimos sessenta anos. O modelo de desenvolvimento aplicado ali, ligado ao agronegócio, teve e tem consequências devastadoras para as populações indígenas locais e para o meio ambiente, além de ser profundamente desigual ", acrescenta.
Rodado em Dourados, no Mato Grosso do Sul, o filme catalisa referências de Marcheti. Ele conserva um olhar ao mesmo tempo afetivo e crítico sobre a natal Sinop, no Mato Grosso. Embora tenha vivido no Rio, onde estou Cinema, e em São Paulo, e more hoje na Suíça, ele equilibra a dimensão cosmopolita com o pulso de um Brasil muitas vezes à margem dos holofotes porém revelador dos nossos contrastes, dilemas, horizontes. "Madalena sempre foi primordialmente um filme sobre um lugar, sobre esse lugar de onde venho e sobre como esse processo recente de transformação afetou a paisagem natural e a vida das pessoas que ali vivem", reforça o diretor.
É desse Brasil profundo que parte também o próximo longa de Marcheti. O roteiro, em produção, é centrado no garimpo ilegal no Mato Grosso, suas implicações sociais e ambientais.
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